top of page

Resumos/Abstracts

​

23/11/2023

Crítica Absoluta em Filosofia como Metanoética, de Tanabe Hajime - Gregory Moss

​

Na sua comunicação, Gregory S. Moss explica o conceito de crítica absoluta presente no segundo capítulo de Filosofia como Metanoética, de Tanabe Hajime, “Crítica Absoluta: A Lógica da Metanoética”. Por um lado, Moss mostra como o conceito de crítica absoluta de Tanabe funciona como um desenvolvimento sistemático e racional da Crítica da Razão Pura de Kant. Por outro, Moss mostra como, simultaneamente, Tanabe afirma uma fé trans-racional em Outro-Poder, como o princípio através do qual se estabelece o limite da investigação racional.

​

 Absolute Critique in Tanabe Hajime’s Philosophy as Metanoetics  - Gregory Moss

​

In “Absolute Critique in Tanabe Hajime’s Philosophy as Metanoetics” Gregory S. Moss explicates the concept of absolute critique in the second chapter of Tanabe’s Philosophy as Metanoetics, “Absolute Critique: The Logic of Metanoetics.” On the one hand, Moss shows how Tanabe’s concept of absolute critique works as a systematic and rational development of Kant’s Critique of Pure Reason. On the other hand, Moss shows how Tanabe simultaneously affirms a trans-rational faith in Other-Power as the principle by which the limit of rational inquiry is established.

A experiência da consciência pura, entre Oriente e Ocidente - Paulo Borges

 

A partir do debate entre Robert Forman e Steven Katz, exploramos manifestações ocidentais e orientais do potencial humano para uma experiência de consciência pura e incondicionada, livre de conceitos, palavras e imagens, incluindo as categorias hermenêuticas do sujeito e da tradição cultural e linguística na qual se inscreve, que na própria experiência se dissolvem e só posterior e retrospectivamente ressurgem. A possibilidade desta experiência sem conteúdo nem referências, a começar por sujeito e objecto, presente na tradição místico-contemplativa, mostra uma alternativa à fenomenologia da consciência intencional, atencional e relacional, dominante na filosofia ocidental.

​

The experience of pure consciousness, between East and West - Paulo Borges

​

Based on the debate between Robert Forman and Steven Katz, we explore Western and Eastern manifestations of the human potential for an experience of pure and unconditioned awareness, free of concepts, words and images, including the hermeneutic categories of the subject and the cultural and linguistic tradition to which he belongs, which dissolve in the experience itself and only reappear later and retrospectively. The possibility of this experience without content or references, starting with subject and object, present in the mystical-contemplative tradition, shows an alternative to the phenomenology of intentional, attentional and relational consciousness, dominant in Western philosophy.

​

Katia Hay, A força cómica em Nietzsche e Schlegel

​

Na minha comunicação, exploro a noção de Ironia Romântica na filosofia de F. Schlegel, referindo-me ao seu texto sobre O Valor Estético da Comédia Grega de 1794. O objectivo é compreender a importância que a noção de alegria tem no seu pensamento, argumentando que a alegria é essencial para compreender o papel que a sagacidade e a ironia têm nos seus escritos filosóficos. Isto leva-me a reequacionar a relação entre Nietzsche e o Romantismo, centrando-me em algumas passagens de Para Além do Bem e do Mal.

​

​

Katia Hay, The Comic Force in Nietzsche and SchlegelKatia Hay, The Comic Force in Nietzsche and Schlegel

​

In my paper I explore the notion of Romantic Irony in F. Schlegel's philosophy by referring to his text on The Aesthetic Value of Greek Comedy from 1794. The aim of this is to understand the importance that the notion of joy has in his thought, and to argue that joy is essential to grasp the role that wit and irony have in his philosophical writings. This leads me to re-question the relation between Nietzsche and Romanticism, by focusing on a few passages from Beyond Good and Evil.

​

O horror sou eu diante das coisas: literatura, risco, pensamento - Helena Costa Carvalho

 

 

Resumo: Na obra Filosofía y Poesía (1939), María Zambrano associa a criação poética a uma “ética do martírio”: diferentemente do filósofo, que elege uma “ética da segurança”, o poeta torna-se escravo da palavra e aceita o risco inerente ao seu labor, o de desaparecer face à presença excessiva das coisas. De facto, vários têm sido os poetas e escritores cujas obras nos dão a pensar a experiência da escrita a partir das noções de risco, medo ou horror. Auscultando vozes como as de Clarice Lispector, António Ramos Rosa ou Maurice Blanchot, procuraremos compreender o que está em causa nesse risco poético, bem como a experiência de pensamento que lhe está associada.

 

The horror is me in the face of things: literature, risk, thought  - Helena Costa Carvalho

​

Abstract: In the work Filosofía y Poesía (1939), María Zambrano associates poetic creation with an “ethics of martyrdom”: unlike the philosopher, who chooses an “ethics of security”, the poet becomes a slave of the word and accepts the risk inherent in his labor, that is of disappearing in the face of the excessive presence of things. In fact, there have been several poets and writers whose works make us think about the experience of writing based on notions of risk, fear or horror. Listening to voices such as those of Clarice Lispector, António Ramos Rosa or Maurice Blanchot, we will seek to understand what is at stake in this poetic risk, as well as the thought experience that is associated with it.

A função da imagem na reflexão estética de Carlos João Correia e a imersão óptico-háptico-proprioceptiva – José Quaresma

Sinopse:

A comunicação tem por objectivo demonstrar como a imagem artística, o mito e a narrativa literária são determinantes para a reflexão filosófica e estética de Carlos João Correia, constituindo-se como modalidades de reconfiguração simbólica da realidade, abrindo espaço para a envolver de maneira multi-perspéctica, e assim, como o Prof. Carlos João também afirma em determinadas passagens, podermos “pensar mais” em torno dessa mesma realidade. Como segundo objectivo,  justamente a partir deste “pensar mais” aberto pelos símbolos estéticos, defenderei a noção de “pensamento pictural”, que tanto se enraiza na plasticidade e nos símbolos concretos de uma obra, como numa aproximação à mesma que seja óptico-háptico-proprioceptiva.

 

The function of the image in the aesthetic reflection of Carlos João Correia and the optical-haptic-proprioceptive immersion – José Quaresma

 

Synopsis:

The aim of this communication is to demonstrate how the artistic image, myth and literary narrative are decisive for Carlos João Correia's philosophical and aesthetic reflection, constituting modalities of symbolic reconfiguration of reality, opening up space to involve it in a multi-perspectival way, and thus, as he also states in certain passages, being able to "think more" about that reality. As a second issue, precisely on the basis of this "thinking more" opened up by aesthetic symbols, I will defend the notion of "pictorial thinking", which is rooted both in the plasticity of artistic symbols, and in an approach to it that is optic-haptic-proprioceptive.

As Brillo Boxes podem revelar-nos a nós próprios tão bem como outra coisa qualquer –  A questão do autoconhecimento em Stanley Cavell – Sofia Miguens

​

Resumo Embora Stanley Cavell trate a questão do autoconhecimento de forma diferente da usual na filosofia analítica, esta é central na sua obra. Neste artigo começo por identificar brevemente a abordagem usual do autoconhecimento na filosofia analítica. Explicito em seguida as razões para o distanciamento de Cavell e reconduzo este a posições wittgensteinianas sobre acção e linguagem. São essas posições que levam Cavell a tratar o autoconhecimento não em torno de temas como o acesso privilegiado ou a incorrigibilidade de enunciados tais como ‘Estou a sentir dor’ mas sim em torno dos temas do cepticismo, do reconhecimento e da voz. Termino exemplificando o trabalho desses temas na abordagem da tragédia shakespeareana por Cavell.

 

Brillo Boxes may reveal us to ourselves as well as anything might’ – Stanley Cavell on self-knowledge  – Sofia Miguens

​

Abstract Stanley Cavell’s approach to self-knowledge is unusual within analytic philosophy. Even so, the issue is central to his work. In this article, I begin by briefly characterizing the most common approach to self-knowledge in analytic philosophy and then identify Cavell's reasons for taking distance from it, tracing them to his Wittgensteinian approach to action and language. Cavell is thus led to deal with self-knowledge centering not on privileged access or the incorrigibility of statements such as 'I'm in pain' but instead on the themes of skepticism, acknowledgment, and voice. I end by exemplifying the work done by such themes in his writings on Shakespearean tragedy.

Positivismos e Religião – Nelson Gonçalves Gomes

 

Resumo: (1) A crítica do positivismo francês ao mito e à metafísica. Positivismo e religião. (2) A crítica neopositivista à metafísica, como discurso vazio. O mito como discurso significativo. (3) As críticas positivista e neopositivista à religião espiritualista. (4) Observações sobre tais críticas.

 

Positivisms and Religion - Nelson Gonçalves Gomes

Abstract: (1) The criticism of French positivism about myth and metaphysics. Positivism and religion. (2) The neopositivist criticism of metaphysics as a void use of language. The meaningfulness of myth. (3) Positivist and neopositivist criticisms of spiritualistic religion. (4) Observations about these criticisms.

Usos da figura mitológica no âmbito da performance contemporânea (Hermes) - José Miranda Justo

​

Ao longo de várias colaborações em acções performativas, todas elas envolvendo o uso de figuras mitológicas, fui desenvolvendo um conceito de performance que se deslocou da noção de «acção imagética» para um conceito mais explícito – e, porventura mais interventivo – de «performance contemporânea». A performance contemporânea, numa acepção possível, enquadra uma ou várias figuras de origem mitológica, combinando esse uso num objecto multimedial heterogéneo que, ao invés de sublinhar a complementaridade, totalidade e unidade dos factores e meios activos nos trabalhos performativos, insiste predominantemente nos desfasamentos, conflitos, destruições, abismos e névoas de objectos performáticos entendidos em devir inconcluso.

 

Uses of the Mythological Figure in the Context of Contemporary Performance (Hermes)  - José Miranda Justo

​

Throughout several collaborations in performative actions, all of them involving the use of mythological figures, I have been developing a concept of performance that has shifted from the notion of 'imagistic action' to a more explicit - and perhaps more interventionist - concept of 'contemporary performance.' Contemporary performance, in one possible interpretation, encompasses one or several figures of mythological origin, combining this use into a heterogeneous multimedia object that, instead of emphasizing the complementarity, totality, and unity of the factors and active means in performative works, predominantly insists on the disparities, conflicts, destructions, abysses, and mists of performative objects understood as an unfinished process.

Artivismo: práticas poéticas de cidadania - Ana Rita Ferreira

​

A minha apresentação centra-se no artivismo e na sua capacidade para criar espaços de empatia, liberdade e transformação social. Explorando alguns dos cruzamentos entre estética e a política, e tocando momentos chave da história da arte no que toca a obras politicamente empenhadas, traço de modo sucinto a genealogia de formas mais recentes de artivismo operantes na Ucrânia, para reflectir sobre o papel da sensibilidade artística em tempos de guerra.


My presentation focuses on artivism and its potential to engender spaces of empathy, freedom and social transformation. By exploring some intersections between aesthetics and politics, and delving into pivotal moments in the history of engaged art, I succinctly trace the genealogy of contemporary forms of artivism operating in Ukraine. Consequently, this analysis aims to shed light on the role that artistic sensitivity can play in the context of war.

24/11/2023

Estética e Metafísica - Miguel Cereceda

​

Ao contrário da Metafísica, que é uma disciplina académica, que surgiu na escola de Aristóteles no séc. IV a. C., a Estética é uma disciplina verdadeiramente moderna. Não só moderna, mas ainda mais, aparentemente ligada aos destinos da Modernidade.

Como se sabe, e apesar do nome grego, ao contrário da Ética, da Lógica ou da Metafísica, entre os gregos não havia nenhuma disciplina que pudesse levar o nome de Estética. De alguma forma, tal nome envolvia para os gregos uma espécie de contradição. Aristóteles diz claramente: “Das sensações, não consideramos nenhuma como sabedoria, embora essas sejam as cognições mais autorizadas de objetos singulares; Bem, eles não dizem o porquê de nada; por exemplo, por que o fogo é quente, mas apenas que é quente” (Met I, 981b, 10). Que de acordo com isso haja para ele a possibilidade de uma ciência do sensível pareceria indubitavelmente uma contradição.

A primeira referência que encontramos à Estética como disciplina filosófica não aparecerá até o séc. XVIII, em um contexto escolástico e eminentemente metafísico, na Aesthetica de Alexander Baumgarten, cujo primeiro volume apareceu em 1750. Mas minha intenção aqui não é estabelecer como a Estética tem uma raiz metafísica, algo que a tradição filosófica dá por certo, mas uma tese alternativa, segundo a qual a verdadeira metafísica se torna Estética na cultura contemporânea. Ou, o que é o mesmo, que a Estética não é apenas uma disciplina propriamente filosófica, mas que é a própria filosofia de nosso tempo: a verdadeira filosofia contemporânea.

 

Aesthetics and Metaphysics - Miguel Cereceda

​

Unlike Metaphysics, which is an academic discipline, which emerged in the school of Aristotle in the 4th century a. C., Aesthetics is a truly modern discipline. Not only modern, but even more so, apparently linked to the destinies of Modernity. As it is known, and despite the Greek name, unlike Ethics, Logic or Metaphysics, among the Greeks there was no discipline that could bear the name of Aesthetics. Somehow, such a name involved a kind of contradiction for the Greeks. Aristotle clearly says: “Of sensations we regard none as wisdom, although those are the most authoritative cognitions of singular objects; Well, they do not tell the why of anything; for example, why fire is hot, but only that it is hot” (Met I, 981b, 10). That according to this there is for him the possibility of a science of the sensible would undoubtedly seem a contradiction.

The first reference we find to Aesthetics as a philosophical discipline does not appear until the 18th century, in a scholastic and eminently metaphysical context, in Alexander Baumgarten's Aesthetica, whose first volume appeared in 1750. But my intention here is not to establish how Aesthetics has a metaphysical root, something that the philosophical tradition takes for granted, but rather an alternative thesis, according to which the true metaphysics becomes Aesthetics in contemporary culture. Or, in other words, that Aesthetics is not just a strictly philosophical discipline, but that it is the very philosophy of our time: the real contemporary philosophy.

 A mitologia de Kierkegaard - Elisabeth Sousa

​

A comunicação abordará o uso muito próprio, da parte de Kierkegaard, de figuras da mitologia clássica, e o modo como algumas personagens literárias e bíblicas, e figuras históricas, em particular da história da Dinamarca, são recriadas com perfis de funcionamento em tudo análogo aos heróis e deuses da mitologia clássica, resultando esse todo no que eu designo por mitologia de Kierkegaard.

 

The mythology of Kierkegaard - Elisabeth Sousa

 This paper will address Kierkegaard’s very own use of figures from classical mythology and the way in which some literary and biblical characters, and historical figures, in particular from the history of Denmark, are recreated with operating profiles that are completely analogous to those heroes and gods of classical mythology, thus resulting in what I call Kierkegaard's mythology.

Intimidade e os seus limites - Vasti Roodt

​

Este artigo trata do inevitável conflito entre o político e o íntimo. Proponho que cada um deles envolve um tipo específico de relação, mas que estas relações são, no fundo, incompatíveis. Somos simultaneamente pessoas privadas que procuram relações íntimas com os outros e cidadãos de um mundo comum; contudo, a satisfação de cada uma das dimensões acontece sempre à custa uma da outra. A intimidade só pode florescer em privado e, portanto, necessita de estar protegida do olhar público. Por outro lado, o domínio público necessita de estar protegido contra as exigências da intimidade, as quais ameaçam as condições de convivência com os outros.

Desenvolvo o argumento anterior em quatro passos. Começo por oferecer uma descrição básica das principais características da intimidade. Em segundo lugar, mostro como e porquê a intimidade se perverte quando transposta para o domínio público. Na secção três, vou no sentido inverso e considero o modo como o domínio público pode ser corrompido por expectativas de intimidade. Na quarta e última secção, pondero sobre como podemos conviver com a tensão entre o público e o privado, o político e o íntimo, sem subjugar um ao outro.

​

Intimacy and its limits -Vasti Roodt

​

This paper is about the inevitable conflict between the political and the intimate. I propose that each of these involves a specific type of relation, but that these relations are, at bottom, incompatible. We are both private persons who seek intimate relationships with others and citizens of a common world, yet the satisfaction of each always comes at some cost to the other. Intimacy can only flourish in private and thus needs protection from the public gaze. On the other hand, the public domain needs protection from the demands of intimacy which threaten the conditions for living together with others.

I develop the above argument in four steps. I begin by offering a bare-bones account of the main features of intimacy. Second, I show how and why intimacy becomes perverted when it is transplanted into the public domain. In section three, I reverse direction and consider how the public domain can be corrupted by expectations of intimacy. In the fourth and final section, I consider how we might live with the tension between the public and private, the political and the intimate, without subjugating the one to the other.

 

 

 

Emmanuel Levinas e a Exploração Espacial - José Câmara Leme

 

Emmanuel Levinas foi um dos raros filósofos a reconhecer na exploração espacial um acontecimento crucial na história da civilização humana. O meu propósito é começar por apresentar os argumentos e enquadrar filosoficamente o artigo que ele publicou em 1961 intitulado Heidegger, Gagarine e Nós, para depois sustentar que esse artigo ganhou uma nova pertinência quando pensado em função do debate em torno do Antropocénico.  

​

Emmanuel Levinas and Space Exploration - José Câmara Leme

​

Emmanuel Levinas was one of the few philosophers to recognise space exploration as a crucial event in the history of human civilisation. My aim is to begin by presenting the argumentation and philosophical framework in the article he published in 1961, entitled ‘Heidegger, Gagarine and Us’, in order to argue that it gained a new relevance when thought in terms of the debate regarding the Anthropocene.

Construção do Eu e Discriminação - Soraya Nour Sckell

​

A presente palestra discute como o direito pode atender às demandas por reconhecimento da identidade pessoal. Primeiramente, são abordadas as reflexões de Honneth sobre o papel do reconhecimento na construção da identidade pessoal, reflexões alimentadas pelos recentes desenvolvimentos na psicologia e na psicanálise. Em seguida, é feita uma análise do modelo honnethiano no que se refere à intervenção do direito na distribuição do reconhecimento. Infelizmente, o "excesso de foco paradigmático" de Honneth leva-o a desenvolver uma teoria normativa baseada apenas na "sociedade moderna". No entanto, ao revelar a conexão íntima entre a teoria jurídica e a psicanálise, o "reconhecimento" concebido por Honneth se mostra uma poderosa ferramenta teórica para a crítica social.

​

Construction of Self and Discrimination - Soraya Nour Sckell

​

The present talk discusses how law can satisfy demands for recognition of personal identity. First discussed are Honneth’s reflections on the role recognition plays in the construction of personal identity, reflections fueled by recent developments in psychology and psychoanalysis. This is followed by an analysis of the Honnethian model as it pertains to the intervention of law in the distribution of recognition. Unfortunately, Honneth’s “paradigmatic over-focusing” leads him to develop a normative theory based on “modern society” only. Nonetheless, by unveiling the intimate connection between legal theory and psychoanalysis, “recognition” as conceived of by Honneth proves a powerful theoretical tool for social critique.


 

Haverá um estado vulgar da consciência? - Deepak Sarma

​

 Neste curto ensaio, pretendo reflectir sobre a própria noção de um estado comum da consciência. Fá-lo-ei examinando algumas referências à consciência no contexto filosófico hindu e indiano e a partir da nova discussão em curso sobre consciência e psicadelismo. A minha intenção é a de problematizar os conceitos de “comum”, “alterado” e “não-comum”.

​

Is there an ordinary state of consciousness? - Deepak Sarma

​

In this short paper I intend to reflect on the very idea of an ordinary state of consciousness. I will do so by examining some references to consciousness in the Hindu and Indian philosophical context and from the new current conversation about consciousness and psychedelics. My intention is to problematize “ordinary,” altered” and “non-ordinary.”

 

Uma amável sombra - Susana Oliveira

​

Serve o texto da ária 'Ombra mai fu' (do italiano, “Nunca houve uma sombra” ou, literalmente, "sombra jamais foi”), uma das melodias mais conhecidas da ópera Xerxes de Georg Friedrich Handel, como ponto de partida para pensar a sombra, essa projecção que é simultaneamente o momento de uma cessação de luz e o da configuração de uma imagem, que se traçou no início da narrativa central sobre a origem da pintura, com Plínio, e se inscreveu como presença na alegoria da origem da metafísica, com Platão. 
Este monólogo de Xerxes, muitas vezes cantado fora do contexto da ópera, pode ser simplesmente entendido como um desejo exuberante por uma sombra refrescante no calor do dia ou como acerca da inquietação de Xerxes a que o plátano, a árvore que produz essa ‘amável sombra’, dá corpo e imagem. 
Esta apresentação conta a pequena história ilustrada em torno dessas raras amáveis sombras.

 

Como pode o improvisador errar? A importância da noção de erro para a ontologia da improvisação musical - Tiago Sousa

​

Poder-se-á dizer que a música improvisada se situa algo paradoxalmente entre o esperado inesperado e o inesperado esperado. Esperado inesperado porque se espera que o improvisador nos surpreenda a cada instante com a sua criatividade e poder de inovação. Inesperado esperado porque, se o improvisador for bem-sucedido, a sequência de notas escolhidas será sentida, surpreendente e encantadoramente, como a sequência “certeira” – como se tivesse de ser essa a combinação e não uma outra qualquer. Com efeito, uma das marcas fundamentais da apreciação de uma improvisação é a de que o ouvinte sabe que o que ouve está a ser composto enquanto é tocado e espera que o executante dê azo à sua espontaneidade durante o improviso. Assim, o nosso entendimento do que constitui um erro técnico, um defeito estético ou uma imperfeição artística na improvisação deverá ser contextualizado segundo as dimensões da imprevisibilidade e espontaneidade características desta forma de arte – dimensões estas que distinguem substancialmente a música improvisada da performance de uma obra previamente escrita. Nesta comunicação procurarei determinar o que poderá contar como uma falha numa improvisação, procurando através desta análise esclarecer algumas peculiaridades da ontologia da improvisação, em especial quando a contrapomos à ontologia das obras compostas para serem posteriormente executadas em várias performances.

​

​

Abstract

​

One could argue that improvised music resides somewhat paradoxically between the expected unexpected and the unexpected expected. Expected unexpected because we anticipate the improviser to surprise us at every moment with their creativity and power of innovation. Unexpected expected because, if the improviser succeeds, the sequence of chosen notes will be felt as surprising and enchanting, as if it were the "right" sequence – as if it had to be that combination and not any other. In fact, a fundamental aspect of appreciating improvisation is knowing that what we hear is being composed as it is played, and we expect the performer to unleash their spontaneity during the improvisation. Therefore, our understanding of what constitutes a technical error, an aesthetic flaw, or an artistic imperfection in improvisation should be contextualized within the dimensions of unpredictability and spontaneity that characterize this art form – dimensions that substantially distinguish improvised music from the performance of a pre-written composition. In this presentation, I will attempt to determine what may be considered a failure in improvisation, aiming to clarify some peculiarities of the ontology of improvisation, especially when contrasted with the ontology of compositions intended for subsequent performances.

 

Modelos de catábase no mundo antigo - José Pedro Serra

​

Nesta comunicação, partindo dos exemplos das mais conhecidas catábases (Orfeu, Ulisses, Eneias...), procurar-se-á determinar quais os elementos mais significativos que constituem este movimento descendente e quais os diversos sentidos que podem revestir.

​

Models of catabasis in the ancient world - José Pedro Serra

In this communication, based on the examples of the best-known catabasis (Orpheus, Ulysses, Aeneas...), we will try to determine the most significant elements that make up this downward movement and the different meanings they can have.

25/11/2023

A Liberdade perigosa da arte - Markus Gabriel

 

Na minha comunicação, começarei por apresentar as linhas gerais da minha ontologia da arte, ou seja, a minha resposta à pergunta: o que é a arte?

Defenderei que a arte é essencialmente autónoma. A autonomia da arte não é, portanto, uma característica histórica, uma característica que de alguma forma adquiriu na modernidade e perdeu na pós-modernidade, como muitos teóricos da arte contemporânea defendem. Na segunda parte, mostrarei como a autonomia da arte a torna então perigosamente livre. A liberdade da arte ameaça tanto os artistas como os destinatários da arte. A arte é uma manifestação socialmente disruptiva, infinitamente poderosa, de pura liberdade, não limitada por qualquer parâmetro externo, como as esferas normativas morais, políticas, sociais ou económicas. Ninguém pode apropriar-se da essência da arte, do seu lado intangível e metafísico, e é por isso que a sua própria existência será sempre um espinho não só para os ditadores, mas também para as comunidades moralistas, para os movimentos sociais que tentam transformá-la num instrumento de progresso social, ou para os capitalistas que tentam transformar a arte numa mercadoria. Todas estas tentativas de domesticar o poder da arte, restringindo a sua liberdade, falham desesperadamente, por mais bem-intencionadas que sejam.

​

The Dangerous Freedom of Art - Markus Gabriel

​

In my talk, I will first present the outlines of my ontology of art, that is, my answer to the question: what is art?

I will argue that art is essentially autonomous. The autonomy of art is, thus, not a historical feature, a feature it somehow acquired in modernity and lost in postmodernity, as many theorists of contemporary art maintain. In the second part, I will show how the autonomy of art then makes it dangerously free. The freedom of art threatens both artists and recipients of art. Art is a socially disruptive, infinitely powerful manifestation of pure freedom, unbound by any external parameter, such as moral, political, social, or economic normative spheres. Nobody can own art’s essence, its intangible, metaphysical side which is why its very existence will always be a thorn in the side not just of dictators, but also of moralistic communities, social movements who try to turn it into an instrument of social progress, or of capitalists who try to turn art into a commodity. All these attempts at domesticating art’s power by restricting its freedom desperately fail however well-intended they might be.

​

​

bottom of page